Alergias: O inimigo do costume

Nem só o surto de COVID-19 nos aflige nesta Primavera. Os nossos inimigos habituais persistem e com a Primavera chegam os pólenes e as alergias
 
Em Portugal, existem pólenes na atmosfera todo o ano, no entanto, a concentração atinge o pico entre Abril e Julho. Os principais pólenes são os das gramíneas, da erva parietária, da oliveira, do plátano (sobretudo em áreas urbanas), do pinheiro, da azinheira e das acácias. 
 

O que são alergias?

 
As alergias são respostas exageradas do organismo após o contacto com o ambiente que o rodeia e são mais frequentes quando existe uma tendência familiar. No fundo, “as alergias são um excesso de defesas”, em que ocorre uma resposta desmesurada a um agente externo.
 

Quais são os factores de risco?

 
Para além da referida tendência genética, existem muitos outros factores de risco associados ao estilo de vida das sociedades ocidentais, nomeadamente o sedentarismo, a alteração da dieta, a obesidade, a poluição, seja dentro ou fora dos edifícios, a exposição a alergénios e o consumo excessivo de medicamentos, nomeadamente de antibióticos, entre outros. Estes factores são particularmente relevantes no marcado na ocorrência de doenças alérgicas nas últimas décadas. Na Europa, as doenças alérgicas afectam cronicamente mais de um terço da população e o padrão em Portugal segue a linha europeia.
 

Quais os principais alergénios?

 
Apesar de os pólenes serem os principais causadores das alergias sazonais, existem inúmeros outros agentes causadores de alergia, como medicamentos, ácaros do pó, picadas de insectos, fungos, alimentos e pelo de animais domésticos. Qualquer agente que o corpo encare como estranho, pode desencadear uma reacção alérgica. 
 

Quais são os principais sintomas?

 
O sistema mais afectado, costuma ser o respiratório. Nariz tapado, alternando com períodos de abundante secreção, prurido e espirros, significam que problema surgiu na mucosa nasal. Pode também haver sensibilidade na garganta, com intensa comichão, indicando que a faringe esteja afectada. Se o órgão atingido for a laringe, surge a rouquidão ou mesmo a afonia, sendo que o doente quer falar mas o som não sai. No caso de a traqueia ser afectada, manifesta-se através de tosse seca, contínua, incomodativa. Se houver afectação dos brônquios, manifesta-se de forma mais grave, surgindo a asma brônquica, com tosse seca, pieira e dificuldade respiratória. 
Olhos vermelhos, lacrimejantes e com prurido, traduzem a reacção alérgica da conjuntiva ocular. Muitas vezes, o prurido atinge a pele exposta e pode ser acompanhado de lesões inflamatórias visíveis a olho nu: dermatite ou mesmo urticária.
Os vários sintomas podem surgir numa combinação entre eles.

mulher a espirrar, com um lenço de papel e flores na mão
 

Como prevenir ou minimizar o impacto das alergias?

 
Nos períodos mais críticos a nível de quantidade de pólenes na atmosfera, prefira estar junto ao mar pois, devido ao maior grau de humidade, há menor concentração destes no ar;
Areje a casa nas horas com menor concentração de pólenes, antes do nascer e após o pôr-do-sol; ao longo do dia, certifique-se de que as janelas ficam bem vedadas para evitar a entrada de pólenes;  se possível, permaneça dentro de um edifício durante as horas de maior intensidade de vento;
Utilize óculo de sol, ao sair à rua;
Ao viajar de automóvel, mantenha as janelas fechadas; tê-las abertas permitiria concentrar ainda mais o ar em pólenes; da mesma forma, se viajar de mota, utilize um capacete com viseira fechada;
Nos períodos de maior polinização (Primavera sobretudo), evite praticar exercício físico ao ar livre, ou outras actividades ao ar livre, com o campismo;
Evite permanecer em relvados, especialmente os que estão a ser cortados, ou recém cortados, pois o corte gera uma maior libertação dos pólenes;
Evite ter em casa plantas polinizadoras ou coloque-as no exterior durante a época mais crítica;
Utilize um aspirador com filtro HEPA;
Retire do quarto objectos que acumulem pó como, por exemplo, tapetes ou carpetes.
 
Se todos os cuidados não forem suficientes, ou se tiver dúvidas, conte com a ajuda do seu farmacêutico! Se tiver sintomas persistentes de alergia, consulte um imunoalergologista, isto é, um médico especializado em alergias, pois existem diversas opções de tratamento disponíveis.