Antibióticos, “uma faca de dois gumes”

Os antibióticos são medicamentos eficazes, mas não curam todas as doenças. E se não forem tomados correctamente podem fazer mais mal do que bem.
 

Só para bactérias

 
Os antibióticos são medicamentos destinados ao tratamento de doenças causadas por bactérias. Doenças provocadas por vírus, como as gripes e constipações, não se curam com a toma de antibióticos, embora possam ser indicados para tratar infecções bacterianas associadas. O mesmo acontece com as causadas por fungos e parasitas.
São, além disso, medicamentos que se tornam perigosos se forem tomados por iniciativa própria: é por isso que necessitam de receita médica. Só com esta é que o seu farmacêutico lhe pode dispensar um antibiótico. É imprescindível garantir a prévia avaliação do médico para ter a certeza que a doença é devida a uma bactéria e que esse antibiótico em concreto é eficaz contra essa bactéria (ou bactéria ou tipo de bactérias mais provável).
 

Tomar antibiótico em excesso ou sem indicação do médico

 
Se o uso dos antibióticos acontecer sem que haja indicaçãopara tal, é a saúde que fica em risco. Porquê?
• Vai continuar doente
• Corre o risco de continuar a transmitir a sua doença a outras pessoas;
• Abre-se caminho a um problema de saúde pública que dá pelo nome de resistência bacteriana.
Porque usar antibióticos quando não são necessários faz com que as bactérias desenvolvam mecanismos que lhes permitem “neutralizar” o efeito do antibiótico, fazendo que, com o tempo, as infecções fiquem mais difíceis de tratar ou mesmo sem tratamento eficaz.
Graças aos antibióticos, doenças que outrora não se podiam tratar hoje têm cura. Mas o uso incorrecto destes medicamentos está a aumentar a resistência das bactérias. Resultado: há infecções mais difíceis de tratar. A boa notícia é que prevenir este problema também está nas suas mãos!
 As bactérias são organismos que mudam, com uma grande capacidade de adaptação ao meio, o que significa que, perante a exposição repetida e/ou incorrecta aos antibióticos, algumas tornam-se resistentes à acção destes medicamentos.

cientista a segurar uma caixa de petri com bactérias

Assim, pode acontecer:
- O antibiótico pode passar a fazer menos ou até mesmo nenhum efeito;
- Pode ser necessário tomar doses superiores do antibiótico para curar a doença;
- Eventual necessidade de um antibiótico diferente, mais forte, para obter o mesmo efeito;
- Possível propagação a outras pessoas das bactérias resistentes, quer no meio hospitalar quer na comunidade;
- Maior dificuldade em descobrir antibióticos capazes de eliminar estas bactérias;
- Poderem voltar a surgir doenças graves já consideradas controladas, como a tuberculose e em formas mais graves e difíceis de tratar.
O aparecimento de bactérias resistentes tem várias causas e uma das principais é o uso incorrecto – falhas de tomas, doses inadequadas, interrupção do tratamento.

Mas ajudar a prevenir este verdadeiro problema de saúde pública é mais simples do que parece:
- Tome antibióticos apenas quando receitados pelo médico;
- Não os tome por iniciativa própria ou por conselho de terceiros e nem tome sobras de tratamentos anteriores – cada caso é um caso, mesmo que a doença pareça a mesma;
- Respeite as indicações médicas – horários de toma, doses, duração do tratamento;
- Nunca interrompa o tratamento, mesmo que se sinta melhor – se o fizer, está a reduzir a eficácia do antibiótico e terá de voltar ao início.
 

O melhor remédio é prevenir


Os antibióticos são eficazes no combate a infecções, mas o melhor é preveni-las. Assim não fica doente e não tem de os tomar:
  • Lave as mãos com frequência, esfregue-as bem com água e sabão;
  • Lave bem os dentes, principalmente após as 3 principais refeições;
  • Cuide da sua higiene diária;
  • No caso de feridas, mantenha-as limpas e protegidas até que cicatrizem;
  • Certifique-se de que tem as vacinas em dia.
 

E as crianças…

 
Os pais querem o melhor para os filhos e, por isso, quando eles estão doentes, querem dar-lhes um antibiótico. Mas, muitas vezes, situações como uma vulgar constipação desaparecem por si, sem medicamentos. Repouso e líquidos podem ser suficientes.
Lembre-se: os antibióticos nem sempre são a resposta.
Se sobrar medicamento, não o guarde para outra ocasião, entregue na sua farmácia.
Não partilhe antibióticos com outras pessoas, cada caso é um caso.