Como parar a diarreia?

Idas frequentes à casa de banho. Provavalmente, diarreia. Fenómeno comum mas muito incómodo. No Verão, a incidência aumenta. O que causa a diarreia, como prevenir e tratar, qual a melhor alimentação nesse período? Vamos responder a essas questões.
 

Da boca para os intestinos

 
A água, os sais minerais e os nutrientes dos alimentos são absorvidos ao passar pelo intestino e o que resta são as fezes. Neste processo, participam bactérias que vivem no intestino (flora intestinal) e que mantém um equilíbrio, protegendo-o de infeções.
Quando este equilíbrio é alterado, as fezes ficam mais líquidas, apresentam um volume superior ao normal e há um aumento nos movimentos intestinais: diarreia.
 

Causas e consequências

 
São múltiplas as causas de diarreia. As mais frequentes são:
- Vírus: responsáveis pela gastrenterite infantil, propagam-se facilmente através do contato direto entre as crianças;
- Bactérias e parasitas: transmitidos através de alimentos ou água contaminados;
- Alimentos: todos os que causam intolerância ou alergia (glúten, laticínios, etc.);
- Medicamentos: antibióticos, anti-inflamatórios, mas também o abuso de laxantes e alguns antiácidos.
 
Embora comum, a diarreia deixa o organismo debilitado, devido à perda de água e sais minerais - desidratação. As crianças (sobretudo com menos de três anos), os idosos, as grávidas e os doentes crónicos são mais sensíveis às consequências de desidratação. Os sintomas oscilam entre fraqueza, tonturas, cansaço, boca seca, sede excessiva, diminuição do volume de urina e escassez ou ausência de lágrimas.

mulher sentada na sanita com um rolo de papel higienico com dores e diarreia
 

Sinais e sintomas

 
A diarreia pode acompanhar-se de mal-estar e dores abdominais, gases, náuseas, vómitos e febre. Atendendo a duração e intensidade dos sintomas pode ser:
- Aguda: surge subitamente, mas é temporária; A maior parte das diarreias agudas são de etiologia infeciosa e, dentro destas, a causa mais frequente são os vírus ou intoxicações alimentares provocadas por toxinas bacterianas.
- Crónica: persiste para além de duas semanas, podendo ser sintoma de outras doenças intestinais, pelo que obriga a consulta médica e pode constituir um desafio no diagnóstico. É necessário investigar a causa, porque pode ser provocada por vários problemas. Importa saber dados pessoais como o género, a idade, a toma de medicamentos, os hábitos sexuais e a história familiar e as características do quadro que apresenta (número de dejeções diárias e a ocorrência noturna, a presença de sangue, muco ou pus nas fezes, dor abdominal, febre, sudorese noturna e palpitações), os quais podem levar a diagnósticos diferentes.
 

Quando ir ao médico?

 
Há sinais que indicam uma maior gravidade:
- Febre superior a 38 º C e que persiste por mais de 72 h;
- Sintomas persistentes (superior a 2 semanas) apesar do tratamento;
- Fezes escuras ou com sangue;
- Perda de peso (superior a 5%);
- Desidratação acentuada;
- Sintomas noturnos;
- Vómitos persistentes;
- Doenças crónicas ou imunossupressão.
Estes fatores implicam uma consulta médica.
 

Que alimentação seguir em caso de diarreia?

 
Uma vez que a absorção está comprometida, o organismo vai perdendo a água e sais minerais. Importa, pois, prevenir a desidratação, o que se consegue recorrendo a cuidados alimentares ou a medicamentos:
- Beba líquidos em abundância, pois os vómitos, as fezes muito líquidas e a febre gastam as reservas de água e sais minerais do organismo;
- Faça uma alimentação rica em hidratos de carbono (pão, massas, arroz e batatas), pobre em fibras e em gorduras (porque estimulam os movimentos intestinais) e evite o álcool, café e condimentos;
- Reforce a hidratação com medicamentos disponíveis nas farmácias. Peça conselho ao seu Farmacêutico.
 
Estas medidas podem ser complementadas com medicamentos reguladores da flora intestinal ou para a febre, se necessário. Os antidiarreicos devem ser usados em situações específicas e os antibióticos apenas mediante receita.
 

A importância de lavar as mãos

 
No contexto atual, todos fomos relembrados da importância de lavar as mãos e, no contágio das situações com quadro de diarreia, é fundamental impedir a entrada de agentes causadores de diarreia no sistema digestivo, pelo que é fundamental lavar sempre as mãos antes de tocar em alimentos, depois de ir à casa de banho ou de um contato com terra ou animais (mesmo que saudáveis).
 
Em viagem, redobre os cuidados:
- Beba apenas água engarrafada ou fervida;
- Não ingira alimentos crus lavados com água corrente;
- Descasque a fruta e evite as saladas;
- Não use gelo feito a partir de água da torneira;
- Não deixe os alimentos à temperatura ambiente.