É preciso jogar pelo seguro quando temos de dar medicamentos a crianças, visto que elas não são adultos em ponto pequeno.
Crianças, mais do que pequenas, diferentes
Apesar de serem pessoas pequeninas, para determinar a dose certa de um medicamento a dar a uma criança, há outros factores a considerar, para além do seu tamanho. A idade e o peso são importantes, mas não são tudo. Desde logo, há que ter em conta que o sistema digestivo, o fígado e os rins são ainda imaturos, o que afecta a absorção e eliminação dos medicamentos.
Nem sempre uma criança doente precisa de medicamentos. Muitas das situações de desconforto e mal-estar ultrapassam-se com cuidados simples, como, por exemplo: o repouso ajuda o corpo a recuperar, beber água hidrata e compensa a perda de líquidos (secreções, vómitos, diarreia, ou febre), manter o ambiente húmido contribui para descongestionar as vias respiratórias.
Cuidados a ter para salvaguardar a eficácia
A utilização correcta dos medicamentos é essencial para que sejam eficazes, ainda para mais quando se trata de crianças:
- Conheça o peso da criança a cada momento, de modo a permitir o cálculo seguro da dose de medicamento adequada;
- Cumpra sempre a dose indicada pelo médico ou pelo farmacêutico. Mesmo que o medicamento ao princípio pareça não estar a fazer efeito, pode ser mesmo assim. Pergunte se tiver dúvidas;
- Respeite o número de vezes que deve dar o medicamento por dia, e o intervalo entre cada administração;
- Siga as instruções do tratamento à risca e dê o medicamento à criança durante todo o período indicado: sobretudo, nunca interrompa a toma de antibiótico, mesmo que haja melhoras;
- Saiba se o medicamento pode ser dado com alimentos ou bebidas:
- Pode ser uma forma de mascarar os sabores;
- Há medicamentos que devem ser tomados às refeições;
- Conheça os efeitos secundários dos medicamentos e saiba o que fazer se surgirem.
Medidas de segurança
- Os medicamentos só devem ser dados à criança com indicação do médico ou orientação do farmacêutico;
- Não dê à criança medicamentos aconselhados para outras pessoas, mesmo que sejam também crianças e que os sintomas pareçam idênticos;
- Não prepare nem dê medicamentos às escuras: pode enganar-se na dose ou mesmo no medicamento, mesmo que a toma seja nocturna;
- Evite tomar medicamentos em frente da criança: ela imita tudo o que os adultos fazem;
- Mantenha os medicamentos fora do alcance da criança e sempre bem fechados: a curiosidade infantil é grande e pode ser perigosa;
- Guarde os medicamentos nas embalagens originais, sempre com o folheto informativo que vem com a embalagem;
- Escreva o nome da criança que vai tomar o medicamento na embalagem, para evitar trocas, especialmente quando é preciso levá-los para a escola;
- Não banalize o uso dos medicamentos e não os dê à criança por tudo e por nada – mesmo quando sabem bem, não são guloseimas;
- Explique à criança que os medicamentos a ajudam a sentir-se melhor, mas que também podem fazer mal à saúde se não forem tomados certos cuidados;
- Tenha sempre à mão o número do médico assistente e do Centro Anti-Venenos (CIAV 808 250 143): ligue se houver suspeita de intoxicação.
Aspirina, antes dos 12 anos, não
As crianças com menos de 12 anos não devem tomar medicamentos da família da aspirina, salvo sob indicação médica. É que estes medicamentos, em algumas situações, estão associados a efeitos graves. Procure na embalagem as palavras “ácido acetilsalícilico” ou “salicilato”: são esses os medicamentos a evitar.
Esclareça as suas dúvidas com o seu farmacêutico!